domingo, 16 de dezembro de 2007

conto

Dia desses um cara apareceu no trabalho dela, e à 1º vista, sem nem saber nada dele, sentiu vontade de ficar perto.Essas coisas que acontecem com a gente e nunca conseguimos explicar de verdade como é.Porque é.Apenas é.
O tempo passou.
O acaso (se é que existe) fez com que ela o reencontrasse.Digo ela porque ele não a viu.Ela passou a noite inteira tentando ficar na dela, não conseguiu.A vontade de falar com ele foi mais forte que a razão, se bem que quando a gente não conhece a pessoa e sente esse tipo de atração, não há receios...não há medos...porque o outro é uma incógnita, tudo é possível...inclusive as coisas boas...e como a gente prefere pensar que vai dar tudo certo...acaba metendo a cara.Foi o que ela fez.
Se falaram no mesmo dia...trocaram telefones, e-mails, no dia seguinte se viram...e aí os tais medos e receios vieram aos poucos.Não.Minto.Veio de uma vez mesmo.Foi uma espécie de choque.Esses sentimentos fizeram com que ela ficasse estática.Esperando o nada.
Uma semana passou-se e aquela vontade de outrora voltou, vontade de ver, de ficar perto, de sentir o cheiro, o toque da pele dele, ah sem falar na voz doce e meiga, claro que com um plus a mais, pois no início ela não tinha nem noção de como era isso tudo, tanto é que quando sentiu achou muito bom, assim, já não era mais apenas vontade, era saudade.
Se encontraram e foi melhor ainda.Desses momentos que vc não sabe se viverá de novo com aquela ou com outra pessoa, porque foi único.Podemos viver algo parecido, melhor ou pior, mas o mesmo, é impossível.Ela se sentiu à vontade, com vontade, tranquila (embora ele tenha pensado que ela não estava assim), leve, em paz, sentir uma dessas coisas com alguém já é bom, tudo junto com "aquele" alguém, é melhor ainda.Por ela, eles passariam a noite inteira do lado um do outro, dormiriam, acordariam e a 1º imagem que teriam seria a face um do outro, e viria o sorriso, confirmando que não foi sonho, que foi tudo realidade.Que bom!
Só que a insegurança, talvez de ambas as partes em relação ao que se passava na mente do outro, os distanciou, talvez não nos pensamentos, mas uma distância física ocorreu.
Posso dizer o que se passou dentro dela, apenas.
Ela achou que foi bom apenas para ela, que foi especial apenas para ela, que não saía do pensamento apenas dela, que ela era mais uma na vida dele, que ele não ligava porque ele estava com outra pessoa naquele momento, que...enfim...as inúmeras interrogações existentes acabaram trazendo certezas inconcretas, já que tiveram por base o nada.Os dias foram se passando e o nada acontecia...nada de telefonemas, nada de mensagens, nada...nada.E quanto mais o tempo passava, mais confirmavam-se suas priscas suposições...
Um dia, do nada, ele ligou.
Ela sentiu um misto, de surpresa com nervosismo.
A conversa foi estranha no início, principalmente porque ele se referia a tudo como se ela não tivesse feito o suficiente para que ele continuasse sentindo que o sinal estava verde para ele.Ela não entendeu muito bem, mas decidiu fazer algo para que ele sentisse que estava sim, no verde, embora ela nunca tivesse tido a certeza que para ela o sinal estava assim, para ela, estava sempre amarelo, ou seja, indicando que era para ela andar devagar, com atenção, para não atropelar ninguém, nem causar nenhum acidente.
Depois disso os dois nunca mais se viram, apesar de algo no ar indicar que ambos queriam.
De vez em quando se falavam virtualmente, mas a frieza da internet não fazia com que aqueles sentimentos do início voltassem a fazer o coração bater acelerado.O receio sempre estava tomando o lugar da vontade de tentar de novo.
Uma vez, tentaram ter uma conversa mais aberta, mais franca, talvez numa tentativa de trazer de volta o que perderam no meio do caminho.Não deu muito certo.
Hoje, depois de uma conversa breve, ele disse para ela que "entendeu".
Ela foi que não entendeu o que ele diz ter entendido e pensa:será que finalmente ele entendeu que a única coisa que ela quer de volta é aquilo que fez com que ela chegasse perto dele na 1º vez...aquilo que deu coragem para ela agir impulsivamente e dizer "oi" sem saber de nada...de mandar uma mensagem uma semana depois, correndo o risco dele nem lembrar do nome dela...será que ele entendeu que o que fez com que ela sentisse vontade de fazer amor com ele foi algo muito mais simples do que a última descoberta da física quântica...que ela é do tipo de garota que sente mais segurança num cara que a faz se sentir única, especial...que a sutileza de uma conversa informal é afrodisíaca...que se ele tivesse a convidado para passar horas fazendo nada do lado dele ela teria aceitado e inevitavelmente teriam feito amor, pois o principal estava acontecendo, que era estarem juntos...será que ele entendeu msm?
Não, não.

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