"Você não sabe o que é amor." Começo esta postagem com essa afirmação porque ela foi o que me motivou a escrever. Muitas pessoas que se dizem tão experientes e maduras não sabem o que é amor, talvez o confunda com Paixão, e
esses são dois sentimentos que não podem ser confundidos, sob pena de no final
das contas fazer alguém sair machucado da relação. O Amor começa quando a paixão termina. Quando
a paixão está presente não conseguimos ver o outro como ele é realmente.
Ficamos cegos, surdos, mudos e nossa inteligência vai para as cucuias. A
química nos faz bem, mas também traz uma ansiedade danada, não conseguimos
comer, nos concentrar em qualquer coisa sem que a pessoa saia do nosso
pensamento. É ruim tudo isso? Não de todo, é perigoso porque nesse período
temos que ter cuidado, sobretudo com o outro, porque podemos achar que
encontramos a pessoa da nossa vida, aquela que vai preencher todo o vazio que
existe dentro de nós e que até então não tínhamos conseguido preencher com as
pessoas que encontramos pelo caminho. E tudo se torna muito mais perigoso
quando externamos o que estamos “sentindo” para e pelo outro. Se disser que
ama, pronto, já era. Vem sofrimento no futuro, certamente, porque quando essa
química passar, sim porque ela vai passar , de qualquer jeito, mais cedo ou mais
tarde, o que vai ficar é a pessoa do jeito que ela sempre foi, nem mais, nem
menos. E sem a paixão pode ser que você não goste da pessoa como ela é, pode
ser que você veja o que antes lhe encantava como algo que não é tão
interessante assim, os defeitos que antes eram bonitinhos, viram um transtorno,
a paciência que antes era enorme, quase infinita, some de uma hora para outra.
E o que parecia ser eterno, se acabou. O sentimento de frustração toma conta, e
você pensa que não ama mais aquela pessoa. Para quem gosta de estar sempre
sentindo o efeito da paixão para sentir-se feliz, se vê infeliz. O outro lhe
decepcionou. Mas não. O outro não lhe decepcionou, foi você que o decepcionou
quando disse aquelas coisas lindas com os olhos vidrados e brilhantes. Foi você
que o decepcionou quando não era a pessoa que se mostrou ser. Nessa hora,
provavelmente o outro ainda sente o mesmo que você despertou. Isso se não for algo
mais forte ainda. E aí, depois disso tudo o que sobra é um fora bem dado, com
direito a cobranças e ataques de: “a culpa foi toda sua. Eu sou perfeito, não
tenho nada a ser mudado. Eu avisei pra você que se você não fizesse as minhas
condições eu perderia o interesse por você”. Será? Será que existe esse ser que
não precisa aprender nada, conquistar nada (a não ser a próxima namoradinha de
algumas semanas), mudar nada? Na minha modesta opinião não, não existe. E se alguém achar que não deve aprender nada, está perdendo um tempo precioso na vida, todos nós temos o que aprender sempre, é a lei da vida. Nunca estamos prontos. Muitas vezes nos enganamos por achar que estamos aprendendo com alguém, mas depois percebemos que ao invés de aprendizes somos os professores. Sempre temos algo para ensinar, por mais que pensemos o contrário. Termino esta reflexaõ como a frase mais importante que concluí nos últimos tempos: O Amor começa quando a paixão termina.
Paty

"O amor pode não ser paixão, mas tem a ver
com ela, não é a ausência dela: existem no amor momentos de paixão, só
que mais calma e mais duradoura.
Paixão, por definição, é sentimento em
ápice, é como uma montanha, vai subindo, subindo até um pico lá no alto,
e depois vai descendo, descendo, e finda. Um gráfico da paixão é agudo,
intenso, mas também é breve e com final certo: termina. Por outro lado,
o gráfico do amor lembra mais uma cordilheira, uma cadeia de
montanhas entremeadas de vales, planícies e platôs, é longo, flutuante e
de final aberto: não é tão certo o que vai acontecer."
Fonte: trecho do livro “O nó e o Laço – Desafios de um relacionamento amoroso”, de Alfredo Simonetti – Integrare Editora